Gripe suína, dias dos pais, indulto, volta às aulas, Sarney... O que fazer? Sobre o que falar? O que realmente nos importa? Esta semana assisti em duas emissoras diferentes uma coisa que me chocou – deve ser porque eu tenho muito nojo ou porque é nojento mesmo –, africanos comem ratos, inteiros, tipo espetinho de rato! Por isso repito: o que nos importa?
O sistema econômico mundial não funciona. Muitos têm uma vida digna, milhares não sabem o que é dignidade. O ser humano está se esquecendo da própria humanidade. Não nos importa mais quem é o outro, ou qual é a necessidade do outro.
O filósofo alemão Immanuel Kant no livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes fala da moral, do agir moral, do que é eticamente correto (é claro que não é um livro tipo manual, como agir moralmente bem em cinco minutos). Grosso modo o livro trata destas questões.
Kant acredita que ter boa vontade é a condição de toda a moralidade. Não importa se você saciou a fome de dez pessoas ou de uma, o que importa é a boa intenção. A vontade é boa quando agimos por dever, e não conforme o dever (que pode não ser moralmente boa). Quando uma pessoa age conforme o dever, ela pode estar movida por interesses egoístas. É o caso do vendedor que é honesto com os clientes visando apenas o lucro. Ele não engana, não rouba, não viola as leis. Exteriormente e legalmente a sua ação está dentro daquilo que deve ser feito. Mas o que está por detrás deste ato é promover o seu próprio negócio. Segundo Kant ele não agiu moralmente bem, porque, a sua ação foi apenas um meio para atingir um fim pessoal.
O valor moral de uma ação está sempre na intenção, logo, moralidade e legalidade – para Kant – não são sinônimos. Explicando: se a moralidade são as ações realizadas por dever, a legalidade engloba as ações que estão em conformidade com o dever, e que podem muito bem terem sido realizadas com fins egoístas. Para o filósofo, o que deve determinar o agir é a lei moral. Essa lei moral é constituída pelos nossos valores morais. Não se trata de saber se devo mentir ou não devo. Trata-se de encontrar o que está na base da minha opção pela mentira ou pela honestidade.
"Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal", ou seja, não faça nada que não possa ser adotado como exemplo para o mundo. Assim, a fórmula kantiana não nos diz para agirmos desta ou daquela maneira, não nos dá o conteúdo da lei, apenas nos indica a forma como devemos agir.
Contudo, nos dias atuais notamos que está cada vez mais distante de nossa realidade seguir uma vida moralmente plena. Agir conforme o dever, apenas porque tem que se agir desta forma acaba sendo a regra. Não usamos a nossa Razão, e nos esquecemos dos valores morais.
Infelizmente a maioria das pessoas só se interessa em ajudar o próximo visando um meio para obter algo. Com isso o ser humano acaba sendo instrumentalizado. Ele é um degrau a ser subido para se chegar ao topo, ao tão esperado sucesso.
A regra do dia é ser bem sucedido, ganhar bem, mesmo que para isso precise passar por cima de outras pessoas. Desta forma, não vemos o outro como um ser igual, um ser humano. Vemos como um objeto, uma coisa. Assim, ele acaba coisificado pelo sistema, e ao ser coisificado, vira um número, um dado nas estatísticas.
E qual a solução para este fim terrível? A meu ver, temos que ter uma boa educação e uma boa formação moral, com valores e virtudes bem definidos, para termos condições de identificar as mazelas de nossa sociedade vigente. O começo para a mudança é prestar mais atenção naqueles que estão ao nosso lado, e assim por diante, como em uma corrente.
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