quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Os admiráveis reality shows

Na reta final, o reality show da Rede Record, A Fazenda, prova que a fórmula de agrupar pessoas reais e não personagens de um enredo ficcional dá certo.
Mas será que o enredo é realmente ficcional? Os cortes e as edições não privilegiam alguns? Há quem diga que o ator, ex-global, cantor (?), Dado Dolabella é o favorito ao prêmio de um milhão de reais. Segundo o jornal Extra On Line, “a família do ator decidiu pagar para pessoas votarem pela permanência dele no programa numa lan house do Rio. Os votos pela web tem o mesmo peso dos feitos por SMS e pelo telefone.” Quando da disputa de Dado com Pedro Leonardo e Danni Carlos.
O engraçado é quando termina o programa ou se é eliminado, o discurso é sempre o mesmo, para todos o importante é participar. Ter uma experiência de vida única num programa televisivo! Mas o que vemos é o interesse pelo dinheiro, e pela fama (que também pode trazer dinheiro).
Mas se você pensa que isso é coisa de 10 anos para cá, está enganado.
O fenômeno dos reality surge nos anos 1970, nos Estados Unidos, quando uma série – An American Family – retrata o divórcio, e a declaração de homossexualismo por parte de um dos filhos. (Já podemos notar como o efeito surpresa, ou melhor, revelação dá o toque especial deste formato). Nos anos 1980 outros programas surgem, como COPS e The Real World (Na real, MTV). Em 1999 John de Mol patenteia o formato Big Brother. E aí a história nós conhecemos... Survivor ou No Limite, é só adaptar para o país e seguir a mesma fórmula! A TV brasileira importou vários reality: Aprendiz, Supernanny, Esquadrão da Moda, Troca de Família, Astros, Ídolos, 10 anos mais jovem... Tem para todos!
E qual é o motivo de tanto sucesso? Faço o mesmo questionamento em relação ao Orkut. Analisado chega-se a conclusão de que o Orkut é um reality com proporções menores, mas o mecanismo de superexposição é o mesmo. Parece-me que as pessoas sentem necessidade, ou até mesmo, carência em suas relações humanas reais. Desta forma projetam-se em um avatar ou em um profile, para suprir necessidades. Com os programas em formato reality é a mesma coisa, há essa projeção, porque os participantes são pessoas reais, que mostram a sua realidade. Fica mais fácil, a partir desta ideologia, prender a atenção do telespectador.
O livro do escritor, hoje considerado cult, Adous Huxley, O Admirável Mundo Novo (1931), retrata através de uma “fábula” futurista uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não há vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono. Olhando o presente, podemos imaginar um futuro semelhante em termos de avanços tecnológicos. Hoje a sociedade está organizada e fundamentada em torno dos aparatos tecnológicos, temos câmeras públicas em ruas, estradas, escolas, elevadores. E isso é demonstrado no livro. Então não é de se espantar achemos normal um bando de gente confinada, como gado mesmo, sendo filmada. Porque em nosso dia a dia já estamos sendo monitorados, e dê certa forma, também estamos confinados. A diferença está apenas na dimensão do espaço de confinamento.
Em um mundo no qual as pessoas se preocupam com assuntos alienantes e de pouco conteúdo emancipatório, não é de se assustar que no Top 10 da Internet quem está no topo das buscas é a Mulher samambaia, seguido do resumo das novelas. Do quase reality Edir Macedo e Campeonato Brasileiro. Do sonho: resultado da Mega Sena. Do fetiche: Juliana Paes. Das buscas funcionais como, futebol ao vivo e Climatempo.com.br. E as lanterninhas do Top 10, Ashley Tisdale (nunca tinha ouvido falar, dizem que é cantora) e Madonna (que nas últimas de net está se agarrando ao seu Jesus). Mais uma vez me pergunto e jogo para vocês se questionarem: Qual será o futuro desta sociedade?

3 comentários:

Lu! disse...

Yo! Já viu do seu trata "second life"?

Unknown disse...

Simm!!!! é bem interessante analisa-lo tb!

Joca123 disse...

Quanto mais o ser humano estuda, mais se distancia de Deus....
Começam a ter idéias próprias, como Adão, no Paraiso....
E conjecturam, cogito, ergo sun...
e "quem" lhes deu esta forma, este raciocinio, esta sensibilidade?
ou seríamos fruto do BigBang?, viemos de uma explosão fenomenal, no inicio dos tempos, e "viramos" gente, após bilhoes de anos de "evolução"?
Se Deus tivesse, em vez da Biblia, nos legado um tratado cientifico, digno de Nobel da ciência, que permitisse a alguns curiosos "fazerem" em laboratório a VIDA, então sim, Deus existe!
CARPE DIEM!!!