Hoje em dia temos – nitidamente – preguiça em nos relacionarmos com as pessoas. É muito mais fácil ficarmos reclusos no mesmo “grupinho” e não nos aventurarmos em novas relações pessoais (reais).
Um dos fatores que elevam o índice das pessoas não se interessarem mais no conhecer, no relacionar-se é a Internet. Mas aí você pode dizer: Mas com a Internet podemos conhecer pessoas, mandar e-mails, bater-papo. Sim, podemos fazer tudo isso e muito mais. Contudo as relações são superficiais.
Não há o contato, a troca de olhares ou a cumplicidade de uma relação mutua entre as pessoas. Esse contato verdadeiro, não virtual, está cada vez mais escasso, as pessoas se limitam, e essa limitação é confortável. Se não queremos falar com determinada pessoa, ao invés de resolvermos o nosso problema com ela, simplesmente, a bloqueamos ou deletamos.
A Internet é uma ferramenta, e não uma condição para nos inter-relacionarmos uns com os outros. Ela limita e corrompe. Porque o que fazemos no mundo virtual queremos transpor para a realidade. A realidade, que deve ser tomada como verdade, está sendo subjugada pela virtualidade.
Outro problema do mundo virtual está ligado à criminalidade. A maioria das pessoas acredita que as leis do mundo real não se aplicam ao mundo virtual. Criam um avatar, um fake, e podem tudo. Estão legalmente protegidos em suas casas diante do aparato tecnológico. É a partir desta mentalidade que casos de pedofilia cresceram tanto. A pedofilia sempre existiu no mundo, esse tipo de perversão é antiguíssimo. Mas com as possibilidades oferecidas pela virtualidade, a pedofilia, aumentou. Em uma reportagem do programa CQC (exibido às segundas, pela Band), na qual simulavam o quarto de uma adolescente de 15 anos, numa sala de bate-papo, vários homens maduros procuravam falar com a menina, e o único assunto era sexo e a exibição do órgão genital para sexo virtual. No mínimo asqueroso.
A meu ver isso é resultado dessa preguiça das relações, é muito mais fácil sexo virtual do que real, para pessoas sem conteúdo e com esse grau de perversão.
Os e-mails, por exemplo, são uma ótima ferramenta. Não apenas para nos comunicarmos, mas para divulgarmos eventos também. O perigo é o de se tornar uma forma para não se indispor com as pessoas, como nos bate-papos. Como assim? Ao invéz de solucionarmos uma situação frente-a-frente, mandamos um e-mail. É uma forma rápida de não ignorar o outro e ao mesmo tempo se livrar da situação indesejada. O perigo é se instaurar uma frieza, comparada ao fascismo.
As pessoas preferem dizer, “melhor não”, do que serem autênticos e sinceros. Acreditam que seja melhor falar por meias verdades do que na totalidade da verdade. Isso demonstra um traço de falta de personalidade. É mais fácil agir desta forma, porque conviver é difícil.
Viver em sociedade é comprometer-se. Fundamentalmente se comprometer com o outro, porque ninguém, por mais que queira, consegue viver sozinho e isolado completamente.
Nos dias de hoje esse comprometer-se é substituído de forma “higiênica”, pelos aparatos tecnológicos. E também, por causa do alto índice de criminalidade nos fechamos ainda mais. Não damos mais as mãos com medo de que nos levem o braço. Contudo, se pensarmos desta forma ficaremos sem nos relacionarmos. Como na letra exemplar de rap, A vida é desafio, dos Racionais Mc’s: “mundo moderno, as pessoas não se falam, ao contrário, se calam, se pisam, se traem, se matam”. Temos que mudar essa realidade, antes que nos tornemos seres não humanos.
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