quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pôr em prática!

Uma semana em nome da pátria, em nome da independência, da emancipação. Os antagonismos estão sempre presentes em nosso dia a dia. Coreanos são assassinados, roubados, ameaçados e coagidos. Aqui o fim de semana com as cores do arco íris da diversidade. Como a realidade é contraditória, as dualidades estão sempre dando o tom.
Ao mesmo tempo em que avançamos frente ao preconceito, regredimos violentamente em outros momentos.
As pessoas preferem escolher um determinado dia para permitir a diversidade, mas o que deveria, sim, ser regra é a escolha da diversidade todos os dias.
Um dia para comemorar, para festejar a diversidade é pouco diante da realidade de nossa sociedade. Eu acredito que ao escolhermos um determinado dia estamos limitando, determinando. Direitos iguais para todos os seres humanos! Sempre!
O ser humano é engraçado – ironizando para não cair num pessimismo sem fim – abre algumas concessões e se fecha em outras. Mas no caso não o ser humano, mas a humanidade em si, envolvendo todos os seus aspectos e âmbitos históricos.
O terror aplicado aos coreanos em São Paulo, pela “Mooca Chapa Quente” (MCQ), uma gangue com mais de 60 adolescentes e jovens, ilustra o problema principal: do preconceito com as diferenças. O modus operandi da MCQ, segundo o jornal O Globo, “consiste em pichar seus símbolos nas casas de orientais e descendentes para sinalizar que a residência é o próximo alvo. O sinal verde para o assalto também pode ser detectado por um plástico ou pano amarrado no portão da casa. Os criminosos espancam vítimas, ameaçam atear fogo a seus corpos e exibem orgulhosos o dinheiro roubado e o armamento do grupo em sites da internet”. O que mais me assusta é essa necessidade de exibir como um troféu os crimes, a internet tem a função de podium para aquele que mais-violência dissipar.
Portanto vamos refletir, vamos analisar a situação proposta pela semana da diversidade. Temos que ser mais HUMANOS, temos que nos unir, amai uns aos outros, no sentido extremo de amor pleno. Coreanos, gays, deficientes, brancos, negros, índios, todos juntos! Não importa a etnia, o credo ou a opção de vida, nem a condição de vida.
Muitos falam que em Bauru tivemos, no último domingo, a “parada gay”. No entanto, eu acredito que a proposta desta mobilização é muito mais abrangente. Porque o título é “Parada da Diversidade”, no sentido amplo, no sentido de respeitarmos aquilo que a sociedade civil estabeleceu como diferente.
Porque devemos ser de determinada forma? Como estabelecemos os nossos padrões? O que é certo ou errado? Todas as respostas estão calcadas na História, assim mesmo com “H” maiúsculo, uma história da História universal, às vezes, como no caso de Hegel, personificada no Espírito Absoluto. Analisando todo o percurso cultural-histórico temos o preconceito como algo enraizado. Essas barreiras têm que ser vencidas. Temos que pôr em prática a nossa Razão, não uma razão instrumental, tecnificada, mas sim uma Razão que englobe todo o caráter emancipatório do homem. Porque se não focarmos nessa Razão (maior), podemos cair novamente num estado de exceção, onde o fascismo reina. Onde a violência é o motor que une todos num clima de terror.
Não podemos voltar aos tempos da 2ª Guerra Mundial, onde o preconceito pelo diferente trouxe tantas dores. A ordem é amar, sempre. Amar o ser humano em geral, não restringir, não particularizar. Não adianta nos fecharmos em gangues, tribos ou turminhas, temos que nos relacionar com o mundo e com todos!

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