Você já parou para pensar em que nível o conhecimento está inserido em nossa sociedade? Avançamos, paramos ou regredimos em relação aos nossos antepassados?
Para responder a tais questionamentos volto à Grécia Antiga.
Entre os gregos antigos não havia inter-relação direta entre a esfera do conhecimento e do trabalho. Trabalhar não era uma atividade nobre, era reservada aos escravos e servos. Quem detinha o conhecimento das coisas era tido como um ser nobre, que gozava de direitos exclusivos dentro da polis (cidade grega).
Será somente com a Revolução Industrial que esta configuração fechada do mundo se modifica. Neste período o conhecimento é aplicado (usado) no trabalho.
É preciso saber para aplicar este conhecimento de modo prático. Com as enciclopédias, como a de Diderot no século 18, aparece pela primeira vez uma lista de ocupações e o que se deve estudar para preencher tais ocupações. Por exemplo, “quem quer ser médico precisa estudar anatomia; quem quer ser um engenheiro, precisa estudar calculo”.
E hoje, qual é o papel do conhecimento?
Parece-me que hoje há uma interação do conhecimento e do trabalho, eles estão fortemente ligados, ao passo que não há trabalho sem algum tipo de conhecimento envolvido. Assim, o conhecimento é o principal fator de produção, porque o peso está no conhecimento, na tecnologia.
No entanto a tecnologia – que é filha do conhecimento – não pode ser um fim em si mesma. A tecnologia é uma ferramenta a ser usada para auxiliar o homem e não para escravizá-lo.
Infelizmente no século 21, só alguns detém o conhecimento – principalmente em nossa sociedade tão desigual –, as grandes empresas detém o conhecimento e a tecnologia necessária para aplicar em seus bens de consumo.
O que se verifica é que ao invés de irmos em direção à inteligência estamos regredindo e voltando aos dados, ao simples acumulo de dados, e o conhecimento está limitado às grandes corporações.
O acumulo de dados não é algo novo, aliás, é algo antiqüíssimo. Os dados, cada vez mais abundantes, são a forma mais simplista e não envolve pessoas.
Já as informações envolvem pessoas, os veículos de informações. E acredito que é neste nível que a nossa sociedade está inserida. Ao passo que o conhecimento é algo mais rico e amplo. Envolve teoria (que para algumas pessoas é algo pejorativo) e compreensão.
E o último patamar é o da inteligência, que nada mais é do que um projetar toda essa gama de coisas: dados, informações, conhecimentos. Ao chegar neste nível, do conhecer, é porque temos condições de projetar os dados, as informações, as teorias.
Ao pensar sobre esta pequena análise eu acredito que não regredimos, mas ficamos estagnados. Não conseguimos evoluir. Temos que ter consciência e clareza para entender a tecnologia e utilizá-la de maneira positiva e emancipatória.
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2 comentários:
Saramago disse uma vez, numa das sua últimas entrevistas, que o homem perdeu boa parte de sua capacidade cognitiva propriamente dita. E está a perder. Também Walter Benjamin diz algo interessante sobre a diferença entre conhecimento e informação. Fala que na antiguidade a informação não era uma explicação de um fenômeno, mas a apresentação de um acontecimento para o qual os homens tinham que fazer suas interpretações. A informação, nesse sentido, não tinha prazo de validade.
Como Heródoto, que, a depeito de ser chamado de o "primeiro historiador", não tinha qualquer intenção de explicar o passado, mas, ao contrário, era seco e apenas relatava os acontecimentos para que os homens, a partir disso, tirasse o maior ensinamento que pudessem...
João, obrigada pela contribuição, só enriquece o blog!
Outra diferença interessante é a apresentada por Marcuse sobre técnica e tecnologia...
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