quinta-feira, 15 de abril de 2010

Para onde correr?

Será que você está a salvo porque tem convênio médico? Eu acho que não. No último mês eu mesma constatei que ter convênio médico, hoje em dia, não é sinônimo de qualidade de atendimento médico. Sinceramente, eu estou com medo de procurar o hospital em uma próxima vez.
É claro, que a rapidez do atendimento em relação ao serviço único de saúde é indiscutível, mas e a qualidade do atendimento médico, será que difere tanto assim? Após ficar internada no hospital da Unimed fiquei com algumas dúvidas.
Um amigo me disse: O médico para trabalhar no SUS faz concurso, mas e o medico de convênio faz concurso para trabalhar no hospital do convênio? Eu não sei responder a esta pergunta, não sei quais são os critérios para trabalhar num hospital particular. Não sei se pautam pela qualidade ou pelo dinheiro. Pela ética ou pelo capitalismo.
A questão toda vai além dos problemas de nossa cidade, e descobrimos que o problema de médicos ruins é nacional.
Quantos morreram ou sofreram deformações por erros cometidos por médicos? Médicos condenados judicialmente ainda atuam. Quantos cirurgiões plásticos furaram, por exemplo, os intestinos dos seus pacientes? Quantos aplicaram medicamentos fortes indiscriminadamente? Quantos, por descaso, mandaram o paciente para casa e depois de algumas horas eles morreram?
Nesta terça-feira, eu vi na tevê dois casos envolvendo erros de médicos. O primeiro de um cirurgião plástico “carniceiro”, condenado pela justiça, mas que ainda atua em sua clínica em São Paulo. E o outro caso é de uma mulher que sofreu um acidente quando era transportada por um moto taxista; no hospital só fizeram Raio-X, quando a mulher chegou em casa morreu.
O descaso, a impunidade e a falta de preparo são elementos que configuram a nossa realidade.
Soube por psicólogos da USC que médicos, aqui em Bauru mesmo, estão aplicando Tramal (indicado para dor crônica; derivado de morfina) até em crianças. E ainda mais, alguns médicos não estão preparados para diagnosticarem sintomas de somatização. Ou seja, sintomas provocados, por exemplo, por estresse, que não aparecem em exames. São sintomas provocados pela própria mente do paciente. Este tipo de patologia está cada vez mais freqüente em nossa realidade, já que vivemos em um mundo que propicia o aumento do estresse.
Na realidade o nosso sistema econômico tem a sua parcela de culpa também nesta esfera da sociedade. Somos vistos como números e não como seres humanos. É mais fácil aplicar morfina e dopar o paciente, que não sentirá mais nada, nem dor, nem vida. É mais fácil calar do que tratar.
Temos que nos organizar e não deixar impune os descasos sofridos no SUS ou no convênio. Porque o SUS não é caridade, não é favor do Estado, pagamos impostos para termos direito do uso. E no convênio médico pagamos uma verdadeira fortuna. Fortuna sim! Parem para pensar na quantidade de conveniados e nas mensalidades pagas, e no detalhe de que a cada aniversário que passa a sua mensalidade pode aumentar, e como aumenta quando se é idoso.
Se liguem nas coisas que acontecem ao seu redor, não deixe a impunidade tomar conta de todas as esferas da sociedade. Denuncie, proteste, reivindique os seus direitos! Somos cidadãos, temos deveres, mas acima de tudo, temos direitos básicos que estão sendo esquecidos.

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