O psicanalista e teórico crítico, Erich Fromm, já afirmava: “O amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana”. Mas qual amor? Amor entre pais e filhos? Entre os familiares? Entre os irmãos de credo? Entre os povos? Ou entre os objetos de amor? No quais esses podem se tornar fetiches, que podem amenizar dores e suprirem carências.
A desintegração do amor na sociedade ocidental contemporânea tem íntima relação com o enfraquecimento dos vínculos pessoais. Hoje, por exemplo, nos relacionamos muito mais com os aparatos tecnológicos do que com as pessoas. Usamos a tecnologia como mediadora dos nossos relacionamentos.
Quando relacionamos o amor, com a data Dia dos Namorados, notamos o esquecimento do sentimento único, verdadeiro e transcendental para nos lembrarmos das compras, de não repetir o presente, de ser criativo (?). Propagandas televisivas de lojas locais apelam: “Neste mês dos namorados não dê vexames, dê presentes”. A Tela Quente exibiu a tosca comédia romântica de 2006, “Minha super ex-namorada”. A mídia também explora a sua fatia. A televisão abusa do tema e agradece pela data, porque a falta de criatividade das programações é grande!
E o sentimento? O verdadeiro laço sentimental é explorado, desenvolvido? A data criada para celebrar as uniões pelo amor só interessa aos donos de lojas que ficam abertas até às 22 horas na quarta, véspera de outra data, o feriado cristão de Corpus Christi (não muito “explorado”). Os funcionários, na sua quase totalidade, trabalham sem comissão adicional, ou seja, ganhando o mesmo que se fizesse expediente normal. Assim, como é de praxe, somente a figura emblemática do patrão é quem realmente lucra.
No macro universo virtual da Internet notamos portais como o Yahoo! Em destaque: “É o Amor! Yahoo! Lança site de Dia dos Namorados”. Lá podemos encontrar de tudo, desde dicas bacanas de presentes até motéis e restaurantes. O enunciado é dos mais cafonas: “Presente, jantar, troca de olhares, declarações e uma noite de amor para fechar com chave de ouro esta data. Vale a pena gastar um pouquinho mais e ter momentos felizes depois para recordar. Veja algumas sugestões de motéis para esquentar ainda mais o clima”, segue na seqüência a listagem dos motéis por ordem de preço ($$ - $$$- $$$$). Temos ainda que adequar o nosso gosto ao bolso. É a economia.
O pior ainda está por vir... Se você não tem namorado, tudo bem. Logo na “primeira página” do site encontramos a “janelinha” Yahoo encontros!, também com um enunciado: “Não tem ninguém para comemorar o Dia dos Namorados? Encontre seu futuro amor aqui!”.
Como assim? O meu futuro amor pode ser um encalhado que confia o seu próprio destino num site criado às pressas para estar na onda da data comemorativa? É muita pretensão de mercado.
O mais ridículo é o link: “Jogos para eles e elas”. Esse link dá raiva porque quando clicamos nele, pensamos que são jogos picantes para um momento a dois. Quando abre o link vemos que são jogos comuns do Yahoo!Games. Mais uma vez ponto para o item de site criado às pressas com sensacionalismo para prender a nossa atenção.
Infelizmente nos preocupamos com esses temas tão menores das nossas vidas. Liberamos muito tempo de nossas vidas com essas coisas, porque caso não fosse assim não teriam tantas matérias sobre esse assunto.
As pessoas ainda gostam de ler sobre “como apresentar um namorado à família”. A matéria intitulada: “Prazer em conhecer? Conheça alguns macetes para evitar constrangimentos na hora de levar seu affair em casa”. Esse é um exemplo de temas que concernem à moral e aos bons costumes de uma sociedade moralista. Ainda estão em alta.
A nós cabe apenas a reflexão de que se o amor seria uma arte?
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