quinta-feira, 4 de junho de 2009

À margem dos marginalizados

Os temas “exclusão e minorias”, “pedofilia” e “abusos” se apresenta nesta narrativa de maneira assustadora. Mesclada numa rede, peculiar e organizada, de mutações em série. Estão envolvidas crianças ultra-carentes e traficantes de menores. São vários os problemas que se entrelaçam: o tráfico de seres humanos, a modificação do corpo alheio, a escravização (sexual), a mais-valia (o lucro a qualquer preço).
A carência em todas as esferas empurra, invariavelmente, para as atitudes radicais, impensadas e desastrosas. A falta de educação, também, é um problema recorrente.
O caso, aqui, envolve hormônios femininos e adolescentes trazidos para São Paulo já travestidos.
Esses adolescentes com tendências homossexuais e paupérrimos se transformam em vítimas de procedimentos cirúrgicos arriscados. Como o caso de um menino do Pará de 17 anos, que morreu após terem injetado silicone industrial. A 2 anos a mãe tenta juntar migalhas e vir para São Paulo buscar o corpo do filho, que foi aliciado por essa rede.
Há lei contra isso? Sancionada pelo Presidente Lula, a lei 240/241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê prisão de 8 anos para quem facilita, entrega ou vende esses jovens para cafetões guadrilheiros.
Existe, neste caso, 2 tipos. Os cafetões que foram possivelmente abusados quando crianças e agora são abusadores. E outros são cafetões que vivem exclusivamente da miséria destas crianças, são aqueles exploradores que se interessam friamente apenas com o lucro que esses jovens travestis vão arrecadar nas ruas. 70% do lucro semanal vão para os cafetões, lucram de 100 a 1000 reais por semana em cima de cada travesti.
Antes destes meninos chegarem às ruas dos grandes centros para a prostituição-quase-escrava, eles são levados para festas. Nestas festas as crianças – como já disse pobres e carentes – começam a receber presentes. Ganham um guaraná, um lanche... Em troca, entregam a sua confiança, e principalmente a esperança de uma vida melhor, mais digna. Depois os aliciadores oferecem bebidas alcoólicas e os hormônios. Dos hormônios para as intervenções cirúrgicas é um pulo. Principalmente o uso freqüente do famoso silicone pelo corpo, dos botox nos lábios e bochechas, os apliques para cabelos. E, finalmente, chegam às ruas.
Muitos garotos se arrependem da mutação, mas o fizeram de forma inconsciente. Sofriam preconceito por ter traços femininos, trejeitos, e achavam que iriam amenizar o preconceito se fossem quase-mulheres. Esse é o argumento base desses aliciadores. Contudo, esses jovens travestis descobrem que a vida não será mais fácil se eles parecerem com mulheres. O preconceito está enraizado no interior de nossa sociedade. Infelizmente o mal está feito, e agora esse travesti terá que pagar pelas modificações corpóreas, e se não pagar em dinheiro pagará com a própria vida.
Essa grande rede nos assusta pela sua organização e pelo tipo exploratório, porque não deixa de ser exploração sexual praticamente escrava, visto que a grande parte do “salário” vai para os cafetões.
Mas, apenas cafetões e aliciadores estão envolvidos? Claro que não. Estão também envolvidos médicos, enfermeiras, farmacêuticos e, de certa forma, os pais (quando estes sabem e omitem a verdade). Todos só pensam no lucro. Esses jovens homossexuais, em potencia, se tornam fontes de renda, deixam de se configurarem como seres humanos. Os Direitos Humanos não existem para eles. E os Direitos Humanos se cumprem nestes lugarejos miseráveis do nosso país?
Portanto, especificamente o que é mais assustador são as condições patológicas de nossa sociedade que possibilita o surgimento dessas bizarrices, e se há uma comercialização exploratória destes seres humanos é porque há procura.

Um comentário:

Marina Rima disse...

Já disse Arnaldo Antunes "Porque dinheiro é um pedaço de papel, UM PEDAÇO DE PAPEL".